2020 05 31 - Dia de Pentecostes
MÃE
TERRA *
Boa
Mãe que me geraste e me deste os seios,
Homem
pleno, eu te estou amando, teu corpo molhado,
Teus
cabelos, teu ventre fecundo e ternamente virgem,
Tu
me pariste por uma noite sem lua, há quantas noites
Imensas?,
Tu
me deste os grandes seios, eu os dei em sangue,
Noites
e noites vieram, eu mamando, eu crescendo, crescendo,
De
berros acordei os astros, meus irmãos bichos
Pararam
na floresta, sentiram minha grandeza,
Encheram
teus seios, Mãe, encheram a noite,
Minhas
artérias se encheram, minhas veias, meu sexo,
A
floresta chamou as ventanias e gemeu
Com
as alcateias um canto de ameaças,
Vieram
raios e trovões com assombros e medos,
Tu
me escondeste nas dobras do teu ventre,
No
entanto a alvorada vinha do outro lado do mundo,
Era
o Pai Sol que me quis saudar, meu claro, rubro Pai,
Eu
parei no meio da planície sem limites, homem pleno,
Há
um rumor de seivas, estalar de folhas e ramos,
Vermes
e pássaros, latejar da minha carne,
É
quase dia agora, aí vem meu Pai galgando as montanhas,
Dia
de glória para nós, Senhora minha Mãe Terra.
*
de
Papiniano Carlos (Lourenço Marques/ Maputo, 1918)
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